terça-feira, 5 de julho de 2011

Meninas Vodca entrevista: Alexandre Simoni

Grandes vitórias e a participação na Copa Davis marcaram a carreira do ex tenista e top 100 Alexandre Simoni. Paulistano, aos 10 anos ganhou sua primeira raquete, desistiu do futebol e não largou mais o tênis.

Vaidoso, dedicado e com enorme coração, Alexandre falou ao Meninas Vodca sobre a dedicação ao esporte, patrocínios e sobre a transicao de jogador a treinador. Confira!


MeninasVodca - Você diz que começou a jogar por influência do seu irmão Rodrigo, que virou seu treinador. Com quantos anos ganhou sua primeira raquete e bateu uma bolinha? E quem eram seus ídolos na infância?

Alexandre
- Verdade, comecei a jogar tênis por influencia do meu irmão e do meu pai também. Nós jogávamos futebol desde os meus 5 ou 6 anos, quando meu pai começou a jogar tênis e meu irmão foi atrás. Eu, como todo irmão e filho caçula, me interessei e sempre após os treinos de futebol - fui bicampeão paulista - ía direto para a quadra brincar com meu pai e irmão. Ganhei minha primeira raquete com 10 anos quando troquei o futebol pelo tênis em definitivo para treinar. Nunca tive um ídolo, mas na época gostava do Agassi por causa da roupas coloridas, cabelão, brincos, ou seja, porque era diferente dos demais.

Meninas Vodca - Como foi essa decisão de transformar o tênis numa profissão, especialmente num País onde o esporte é tido como elitista e onde não há muito apoio para os jovens que sonham em se profissionalizar?

Alexandre -
Não teve um momento em que parei e pensei: vou me profissionalizar. Graças a Deus, foi consequência do trabalho desde cedo e dos resultados ainda como juvenil. Se não me engano, fiz meus primeiros pontos quando tinha 16 para 17 anos e aos 18 já era 475 do mundo.

Meninas Vodca - No Brasil, há uma grande dificuldade em encontrar patrocinadores. Foi difícil pra você? Isso aconteceu cedo na carreira ou veio aos poucos?

Alexandre -
Acho que fui um cara de sorte num certo ponto. Meu pai não tinha condições de bancar as minhas despesas e as do meu irmão, então ele precisou ir atrás de ajuda para tudo: conseguir lugar para treinar com apoio, raquete, roupa, etc... Conseguiu e pude seguir em frente, mas o principal que era dinheiro, que ele não conseguiu. Então tivemos de fazer rifas de presentes que ganhávamos para eu poder pagar viagens e continuar jogando tênis. Lembro que pegava 2 a 3 ônibus para ir e voltar da academia para poder treinar e levava sanduíche de casa para almoçar. No final do juvenil, quando estava com 18 anos, e começando a ter bons resultados no profissional, consegui contrato com a Adidas internacional e com o Banco Real por 4 anos. Assim pude ter tranqüilidade para jogar tênis.


Meninas Vodca - Jogadores top como Federer, Nadal e mesmo algumas das meninas insistem em dizer que tem poder de escolha e que participam até do processo de criação. Como foi sua relação com a marca? Você tinha poder de escolha, seja em modelos ou cores? Tem alguma preferência?

Alexandre -
Realmente alguns jogadores tem o poder de escolher e participar do processo de criação, mas não foi o meu caso. Não tenho do que reclamar pois ter um patrocínio internacional da Adidas era uma honra e foram 7 anos de contrato. Os modelos, em termos de qualidade e quantidade de produtos que recebia, eram fora de série e tenho roupa no plástico até hoje.

Meninas Vodca - E fora das quadras, como gosta de se vestir? É vaidoso?

Alexandre -
Sou vaidoso, sim, não somente no que se refere a roupas, mas também com o corpo. Gosto de ser simples e esportivo, mas ao mesmo tempo elegante. Gosto de jeans, uma camisa ou camiseta, um blazer e um sapato ou um tênis que combine. Enfim, sou bem aberto. Hoje em dia, dependendo da ocasião, visto um terno e me sinto muito bem e confortável usando camisa, calça social e cinto.
Além de cuidar da minha alimentação, gosto de passar creme no corpo todo, pois fico muito exposto ao sol dando treino e a pele acaba ficando muito ressecada. Passo gel no cabelo, uso perfume e gosto de um relógio legal.


Meninas Vodca - Que momentos marcaram sua carreira?

Alexandre -
O principal foi ter representado o Brasil na Copa Davis durante 3 anos. Não tem como descrever, somente quem joga sabe a felicidade que senti. As outras foram jogar Grand Slam, Master 1000, ficar entre os top 100 durante 2 anos e algumas vitórias sobre alguns jogadores como Fernando Gonzales, Guillermo Canas e Guillermo Coria, Juan Chela, Marat Safin, David Nalbandian, Nicolai Davidenko, Franco Squillari (número 11 na época), Marc Rosset (ex-top 10) Alberto Berassategui (também ex-top 10 e finalista de Roland Garros ), só para citar alguns.

Meninas Vodca - Qual a grande dificuldade que um jogador enfrenta para passar dos challengers para os torneios da ATP?

Alexandre -
Acho que hoje em dia são os pontos, porque nos últimos anos a ATP mudou a pontuação dos torneios menores e isso faz com que jogadores tenham mais dificuldades em somar pontos suficientes para subir de ranking e consequentemente começar a jogar os ATPs.

Meninas Vodca - A decisão de parar, de pendurar chuteiras ou raquetes não é fácil. No seu caso, houve uma série de fatores, entre eles a sua condição física. Como foi essa decisão? Tranqüila? Dolorosa? Porque, afinal, implica numa grande virada na vida, não é?

Alexandre -
Realmente, tive alguns problemas físicos, entre eles uma cirurgia de hérnia de disco, e perda de patrocínio, entre outros problemas. Isso acabou fazendo com que eu parasse de jogar tênis de um dia para o outro, o que foi mesmo uma grande virada na minha vida, pois não esperava parar tão rápido. Passei por um período bem complicado, porque ser jogador é uma coisa e ser professor e treinador é totalmente diferente.


Meninas Vodca - Como foi essa transição, de jogador para treinador?

Alexandre –
Bom, primeiro tive de fazer cursos de tênis e um na faculdade para poder tirar minha licença de professor e treinador de tênis (Cref), que é obrigatória para poder exercer essa função e muitos professores de academias não tem. Mandava emails para academias com meu currículo me oferecendo para trabalhar mas recebia não, não e não. Insisti e as oportunidades foram aparecendo. Hoje trabalho alugando quadra em duas academias, condomínios e trabalho na Sociedade Harmonia de Tennis com alguns meninos de competição. Hoje em dia tenho mais de 20 alunos particulares.

Meninas Vodca - De vez em quando dá vontade de entrar na quadra e mostrar como é que faz?

Alexandre -
Não sinto vontade de jogar torneios, mas se dá vontade de entrar na quadra para mostrar como é que faz? Sim, muitaaaaaaaaaaaaaa! Mas o físico hoje em dia não acompanha o resto, embora ainda consiga brincar, sim. Aliás, uma coisa que gostaria muito de fazer - e vou fazer - é um jogo de despedida, pois não consegui fazer isso quando parei. Acho legal poder fazer esse jogo de despedida oficial também por causa dos meus alunos, que sempre me incentivam a jogar de novo e dizem que eu jogo muito. Hehehe... Quem sabe um dia, né?

Meninas Vodca - Como é que você vê o atual cenário do tênis no Brasil?

Alexandre -
Vejo um País com grande potencial, mas que não faz nada, pelo contrário, dificulta as coisas para os tenistas. Não existe um centro de treinamento em cada região do Brasil, as academias em São Paulo estão fechando, com os terrenos vendidos para construtoras subirem mais prédios, os custos para jogar tênis são altíssimos e o esporte não tem muita visibilidade na imprensa. Vamos pedir a Deus que nos ajude.

Obrigada Simoni! Muito sucesso nessa nova fase e novamente parabéns pelo seu aniversário :)

Fotos: Arquivo pessoal

9 comentários:

Daszmarelli disse...

Bacana a entrevista.

Dá pra se extrair muitas coisas interessantes.

Parabéns, Bê!

Cris Menegussi disse...

Gostei muito do teu blog! Parabéns!
Sou maquiadora e cabeleireira em RP, depois se puder conhece meu blgo tb! um grande beijo!
http://crismenegussi.blogspot.com

disse...

Oi Cris! Irei conhecer sim ;) Bjs!

osvjor disse...

ótima entrevista. parabéns. abs

disse...

Obrigada "osvjor". Simoni merece o destaque. Abs!

Donner disse...

Delícia de entrevista, Bê. Poucas pessoas conseguem misturar o tênis com outros assuntos cotidianos, como moda e costumes, igual você faz.
Como eu sempre digo, só aqui no the one and only Meninas Vodca!

Beijos

Manu disse...

Mto boa a entrevista!!

Victor disse...

Boa Ale. Abracosss SimAoOOo

Luciana disse...

Excelente entrevista. Vou torcer para que ele realmente faça esse jogo de despedida! :D

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