quinta-feira, 28 de abril de 2011

Crônicas da Ruth: Pompa e circunstância

Casamento real na gloriosa Abadia de Westminster é simplesmente imperdível e fica aqui minha torcida para que Kate Middleton, que um dia será a sexta rainha Catherine da Inglaterra, tenha mais sorte e bom gosto na escolha do vestido que a falecida mãe do príncipe William, a cultuada Diana, que usou um dos vestidos de noiva mais pavorosos que já vi...

O que tem o casamento real com tênis? Tudo a ver. Para quem não sabe, o tênis antigamente era conhecido como “real tennis”, um esporte originário da França, jogado em ambiente fechado. Os reis ingleses eram loucos por tênis, começando por Henrique V (1413-1422) cuja paixão pelo esporte foi citada até por Shakespeare na peça de mesmo nome. Henrique VIII – aquele que se casou não com uma, mas com três Catherines – gostava tanto de tênis que mandou construir uma quadra num dos mais românticos palácios ingleses, Hampton Court.


Reza a lenda, que sua segunda mulher, Ana Bolena, estava vendo um jogo quando foi presa, levada para a Torre de Londres, onde posteriormente seria decapitada. Henrique estava jogando tênis quando foi informado sobre sua execução.

Foi graças a um inglês, Harry Gem, e a seu amigo espanhol Augúrio Perera, que o tênis ganhou a grama, por volta de 1860. Não é à toa que o mais charmoso dos Grand Slams é jogado na grama sagrada de Wimbledon e preserva seu toque de nobreza, com o troféu entregue pelo duque de Kent, primo da rainha Elizabeth II.

As mulheres jogam tênis há muito tempo, mas as roupas que as pobres tinham de usar no século XIX deixam claro que elas não podiam correr muito atrás da bolinha. O modelito branco, com babados, frufrus e magnífico corpete de renda é de 1885 e, claro, era usado com anquinhas e um bom número de anáguas por baixo. A pobre esportista tinha também de equilibrar um chapéu, porque moça elegante não aparecia em público de cabeça descoberta. O listradinho abotoado na frente é da mesma época. E para quem acha que as mocinhas só usavam branco e tons pasteis, também encontrei esse modelito em listras creme e azul marinho.


E, acredite, as mulheres jogavam com toda essa rouparia, confira na tela de 1887, mostrando uma animada partida de duplas. Repare: as roupas dos homens são bem mais confortáveis... Mundinho injusto.


As meninas que jogam tênis hoje deviam agradecer de joelhos à “divina” Suzanne Lenglen, francesa que chocou o All England’s Club nos anos 20 ao entrar na quadra com esse modelito curtíssimo e escandaloso.

Escândalo maior só o mesmo o provocado pela americana Alice Marble, que nos anos 30 resolveu jogar com esses provocantes shorts.


Voltando ao casamento, parece que Wills e Kate não jogam muito bem, mas parece que são fãs do esporte e de um certo suíço que também é rei, rei de Wimbledon.

Fotos: Google

Sobre a autora: Eu sou jornalista especializada em ciências, adoro felinos, moda e esportes, que não pratico por motivo simples: o objeto bola é um mistério indecifrável para mim. Tentei jogar tênis, mas eu era a alegria dos professores do Pinheiros, porque vira e mexe, na hora de sacar, eu arremessava a raquete e ficava com a bola na mão... Tenho idade suficiente para ter visto Maria Ester Bueno em quadra – tá, eu era pequetita – para lembrar das calçolas de rendinha de Virginia Wade e para ter saudades dos jogos de um tal Bjorn Borg.

2 comentários:

Faena Gabriela disse...

Fabuloso o post, muito bem escrito!

Mel disse...

Adorei Ruth, muito interessante seu artigo, é muito bom saber sobre o esporte que amamos.

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